A implementação da clínica ampliada propõe uma nova visão sobre a cadeia de atendimento em saúde. Ao invés de ater-se apenas à patologia apresentada pelo paciente, sua proposta é compreender o indivíduo e suas especificidades como um todo.
Além da participação das pessoas atendidas nas alternativas propostas de tratamento, o método também oferece uma maior integração das práticas assistenciais e de diferentes profissionais de saúde.
Como resultado, a clínica ampliada alia os interesses dos diversos serviços da rede médica, favorece os seus processos de gestão e equilibra suas diferentes demandas. No fim, tanto os pacientes quanto os prestadores são significativamente beneficiados.
Não por acaso, trata-se de um modelo em plena ascensão no Brasil e no mundo. Mas, afinal, como ele se caracteriza? Quais os seus principais objetivos? Quais são as práticas essenciais para implementá-lo? Confira os detalhes mais importantes sobre o tema a seguir.
O que é clínica ampliada?
O conceito de clínica ampliada oferece um contraponto ao modelo tradicional de atendimento, conhecido como biomédico. Usado desde o século 19 pelos profissionais de saúde, ele é focado apenas no diagnóstico e tratamento da doença apresentada pelo paciente no momento.
Aplicado até os dias de hoje, o método biomédico centraliza a figura do médico. Basicamente, cabe ao especialista prescrever os tratamentos recomendados para cada patologia. Já o paciente deve simplesmente seguir as suas instruções.
Contudo, esse modelo biomédico gera certas limitações. Afinal, os fatores sociais e as particularidades de cada paciente não são levados em consideração. A saúde é entendida como a ausência de doenças, então se prioriza apenas o seu tratamento e nada mais.
Já na clínica ampliada, a abordagem vai além. Nela a escuta do paciente é valorizada. A ideia é que o médico compreenda cada indivíduo, os motivos de seu adoecimento e discuta com o paciente as possibilidades de diagnóstico e de tratamento.
Nesse sentido, o foco é incentivar a autonomia das pessoas atendidas. Quando elas participam de todo o processo, sua relação com os médicos torna-se mais próxima. Como resultado, há mais engajamento com o tratamento.
Além da responsabilidade compartilhada entre o médico e o paciente, também são engajados familiares, amigos e pessoas ao redor do indivíduo. Isso não só aumenta o sucesso da recuperação, como também incentiva a prevenção de problemas futuros.
Uma vez que a clínica ampliada considera todas as dimensões humanas nas práticas médicas, o bem-estar psicológico, o físico e o social também ganham protagonismo. Assim, profissionais de saúde de outras áreas também são integrados ao processo.
Para os pacientes, há mais empoderamento, clareza e consciência sobre sua própria saúde. Já para os profissionais, há uma visão integrativa sobre cada caso, com maior colaboração entre diferentes especialistas e todas as pessoas envolvidas com o paciente.
Objetivos da clínica ampliada
Entre os principais objetivos da clínica ampliada estão o incentivo à autonomia do usuário, a integração entre diferentes áreas assistenciais e a expansão dos serviços prestados pelas unidades de atendimento.
Para os pacientes, o foco está na sua escuta e compreensão. Todos os aspectos que influenciam sua saúde são considerados. Dessa forma, enquanto constrói o entendimento do caso com a pessoa atendida, o médico também favorece sua autonomia.
O próprio indivíduo passa a entender os motivos que podem comprometer suas condições médicas. Assim, ele tem poder de decisão perante as opções de tratamento e ainda se sente incentivado a investir continuamente em serviços de saúde, de forma preventiva.
Já para as clínicas, hospitais, planos de saúde e profissionais envolvidos, a clínica ampliada é ideal para integrar suas diferentes frentes de atuação. Mais que expandir os serviços, isso acaba valorizando-os ainda mais.
Afinal, as influências de todas as intervenções realizadas com o paciente passam a ser mais claras. Ao mesmo tempo que isso favorece a procura nas unidades, e o atendimento se mantém sempre pertinente em relação às necessidades do público.
Inclusive, essa é uma maneira de sanar conflitos comuns na área da saúde. Esse é o caso das glosas entre operadoras, que querem reter demanda, e hospitais, que são ávidos por ela. Com a clínica ampliada, esses interesses permanecem em equilíbrio.
Com o apoio de tecnologias eficazes de gestão, outras necessidades importantes das empresas do setor de saúde também podem ser atendidas com a ampliação clínica. Isso graças ao engajamento do paciente somado ao incentivo às multiespecialidades.
Com mais sinergia entre os profissionais de diferentes áreas, os processos de gestão tornam-se mais unificados e eficientes. Ao mesmo tempo, as demandas represadas são minimizadas, assim como os gargalos orçamentários e a falta de integração na gestão dos pacientes.
Boas práticas de clínica ampliada
Na clínica ampliada, duas pessoas com a mesma patologia podem ter tratamentos diferentes, já que seus contextos são distintos. No final das contas, isso incentiva uma atuação mais ampla, humanizada e personalizada de toda a cadeia de saúde.
De acordo com uma cartilha publicada pelo Ministério da Saúde, a ampliação clínica faz parte das diretrizes propostas pela Política Nacional de Humanização para aprimorar o modo com que a saúde é promovida no Brasil.
Segundo o documento, o foco está na autonomia dos usuários, da sua família e da comunidade. Com acolhimento e escuta, a identificação dos motivos do adoecimento é beneficiada, assim como a promoção integral da saúde.
Como você pôde ver anteriormente, a implementação da clínica ampliada favorece a promoção de serviços mais abrangentes, em diferentes especialidades. Contudo, para que isso seja possível, é fundamental ater-se às suas boas práticas. As principais são:
Diálogo
Primeiro, os médicos devem conversar profundamente com os pacientes. Além das questões de saúde, eles devem tratar sobre aspectos do cotidiano. Isso inclui detalhes sobre alimentação, prática de exercícios, ambiente de trabalho, espaços que a pessoa frequenta, etc.
Nesse contato inicial, a confiança e o engajamento do paciente devem ser reforçados. Afinal, o diálogo transmite comprometimento e permite que a pessoa entenda com o especialista quais são os fatores que influenciam na sua saúde.
Informação
Graças à autonomia para decidir os caminhos do seu tratamento com o médico, o paciente tem mais consciência sobre os cuidados que devem ser integrados no seu processo de recuperação e até mesmo na prevenção de novas patologias.
Com o acesso à informação, o diagnóstico tradicional e o médico não perdem sua importância. Contudo, eles atuam em conjunto com o paciente e todo o seu entorno, para que a manutenção da saúde seja algo constante, e não algo limitado apenas aos casos de adoecimento.
Visão sistêmica
Por meio dessa visão ampla e empoderada do paciente, a tendência é que o tratamento inclua outros profissionais. Assim, a clínica ampliada pode reunir enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, entre outros que possam ser pertinentes à proposta terapêutica.
Isso faz com que os planos de tratamento não sejam individuais. Eles também incluem ações para trabalhar com a família, no ambiente de trabalho, em grupos terapêuticos, entre outros espaços que favorecem serviços mais abrangentes em saúde.
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