Enquanto a transformação digital dita os novos rumos do setor jurídico, muitos advogados ainda não sabem ao certo como a tecnologia pode atender às suas demandas e qual a viabilidade de implementá-las. Uma boa alternativa para responder a essas questões é o Technology Readiness Level (TLR).
Criado inicialmente pela Nasa e já difundido em todos os setores que dependem da inovação, o Technology Readiness Level é um método capaz de avaliar a maturidade tecnológica de determinado projeto.
Se você chegou até aqui, certamente é porque sabe como é importante aderir a um sistema digital eficaz, tanto para otimizar sua gestão de processos quanto para reduzir custos, agilizar seu tempo e garantir uma atuação mais estratégica.
Mas afinal, como o TRL pode contribuir para esse processo de digitalização? A seguir, entenda melhor o conceito, seus diferentes níveis, principais benefícios e aplicabilidade na área legal. Acompanhe.
O que é TRL e como surgiu?
Como você pôde ver, TRL é a sigla para Technology Readiness Level. Em tradução livre, o termo significa Nível de Prontidão de Tecnologia. Conforme o próprio nome sugere, trata-se de um método de avaliação de maturidade tecnológica.
Basicamente, o TRL consiste em uma análise sobre a progressão de determinado processo de inovação. Sua referência é baseada em uma escala que contempla desde as etapas de pesquisa até o desenvolvimento e a implementação.
O conceito surgiu em 1974, quando um pesquisador da Nasa chamado Stan Sadin criou o primeiro modelo de escala com 7 níveis. Ele só foi estabelecido formalmente pela agência espacial estadunidense 15 anos depois, em 1989.
Já na década seguinte, o TRL foi adaptado para o formato atual, que possui 9 níveis. Foi a partir disso que ele se difundiu e ganhou adesão ao redor do mundo, sendo utilizado por empresas, indústrias e organizações governamentais.
Em 2010, o método foi referenciado pela Comissão Europeia para projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação. No Brasil, seu conteúdo foi nacionalizado em 2015, quando a ABNT criou a NBR ISO 16290:2015.
Quais são os níveis do TRL?
A adaptação do método à NBR ISO 16290:2015 possui os mesmos 9 níveis que a TRL Nasa, sendo o primeiro referente ao início das pesquisas e o último relacionado à maturidade da tecnologia analisada. Entenda cada etapa:
TRL 1
Corresponde à etapa inicial de um projeto de tecnologia. Esse é o momento em que é feita a pesquisa básica sobre determinado modelo. Trata-se de uma fase mais acadêmica, em que são consideradas possíveis aplicações, mas sem um conceito bem definido.
TRL 2
Os princípios básicos analisados no TRL 1 viabilizam a formulação do conceito do projeto tecnológico. Assim, é possível determinar suas aplicações práticas. Contudo, isso é feito de maneira especulativa, pois ainda não há provas experimentais.
TRL 3
A tecnologia é enquadrada no nível 3 quando o projeto já está sendo posto à prova. Ou seja, ele já passou por processos de modelagem, simulação e experimentação para definir se está pronto para os estágios seguintes de desenvolvimento.
TRL 4
Ainda em estágio de prova de conceito, o projeto considerado TRL 4 é aquele que tem a tecnologia validada por meio de um protótipo de estágio inicial. Nele o foco dos testes é verificar se os requisitos de performance poderão ser atingidos.
TRL 5
Complementar à etapa anterior, aqui o projeto também está passando por testes, mas por meio de simulações que tenham maior semelhança às suas aplicações reais. Portanto, trata-se de um nível em que a confiabilidade da tecnologia já é considerada maior.
TRL 6
Por sua vez, quando os testes já demonstraram o desempenho do projeto e ele já possui um protótipo funcional, a tecnologia se enquadra no TRL 6. Isso significa que ela já está pronta para as experimentações finais.
TRL 7
Nesta etapa, o projeto está passando por ensaios com protótipo. A diferença é que isso já é feito em um ambiente operacional, com parâmetros reais de como será sua aplicação real e desenvolvimento de soluções para eventuais problemas.
TRL 8
Um projeto de nível TRL 8 é aquele que já teve sua tecnologia testada, devidamente qualificada e que já está pronta para ser implementada. Portanto, trata-se da finalização do processo de desenvolvimento.
TRL 9
Por fim, uma vez que a tecnologia foi implementada e tem eficácia comprovada perante as demandas propostas, ela pode ser considerada TRL 9. Ou seja, a última etapa é aquela que aponta se o projeto foi bem-sucedido.
Benefícios do TRL
O método TRL foi difundido mundialmente graças à sua eficiência para mensurar o nível de maturidade tecnológica de diferentes projetos. Contudo, seus benefícios para organizações, entidades públicas e ecossistemas de inovação vão muito além. São eles:
Gestão de riscos
Quando as etapas de desenvolvimento tecnológico são claras, os gestores têm uma visão mais assertiva sobre quanto devem investir em um projeto. Ou seja, há um entendimento mais preciso sobre os recursos necessários para que a inovação gere ganhos estratégicos.
Investimento
O TRL permite entender os diferentes níveis de uma tecnologia mesmo sem conhecimentos profundos sobre ela. Isso facilita a captação de recursos para a implementação, já que os investidores terão mais clareza sobre as fases do projeto e seus respectivos ganhos.
Padronização
Como citamos, o TRL nasceu no setor espacial estadunidense e hoje é usado em ecossistemas de inovação de todo o planeta. Essa padronização da classificação tecnológica otimiza a gestão de processos, pois os parâmetros dos projetos já são todos adaptados ao mundo globalizado.
Qual é a aplicabilidade do TRL em um departamento jurídico?
A automação e a inteligência de dados são indispensáveis para os profissionais do Direito. Contudo, para aproveitar suas possibilidades, você precisa entender o quão madura é a capacidade da sua equipe para aderir a essas ferramentas.
Tenha em mente que os departamentos jurídicos das organizações já não são responsáveis apenas por pareceres e ações. Hoje, é fundamental somar tecnologia a um time multidisciplinar, capaz de promover uma atuação alinhada aos objetivos da empresa.
Nesse sentido, ferramentas como o TRL fazem toda a diferença ao implementar projetos de inovação que já certificam se eles realmente atendem aos objetivos propostos, ajudando a tornar a equipe mais estratégica e apta para lidar com os novos desafios da gestão jurídica.
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