O modelo de Value Based Healthcare (VBHC) promete revolucionar o modo de atuação de médicos e hospitais. Sua proposta é reduzir custos e desperdícios assistenciais, mas, ao mesmo tempo, aumentar a qualidade oferecida aos pacientes e a valorização dos profissionais.
Esse conceito surgiu na Escola de Negócios e de Medicina de Harvard, a partir da observação de que os gastos globais em saúde crescem continuamente em todo o mundo. Contudo, eles não são convertidos em melhorias efetivas na qualidade de vida da população.
Nesse sentido, dados divulgados pelo Saúde Business indicam que os países investem cerca de 10% do seu PIB em saúde. Nos EUA, por exemplo, esses investimentos são de quase 18%, mas os estadunidenses ainda estão muito longe de ter uma assistência exemplar.
Ao entender que o dinheiro investido em saúde não gerava resultados reais às pessoas, os acadêmicos de Harvard propuseram o VBHC. Hoje, sua aplicação cresce ao redor do mundo, gerando mais valor aos pacientes e contendo a escalada de custos.
Mas, afinal, o que significa Value Based Healthcare exatamente? Quais os reflexos de sua ascensão no Brasil? Como seus benefícios impactam a cadeia de atenção à saúde? Confira os detalhes mais importantes sobre o tema a seguir.
O que é Value Based Healthcare?
O conceito de VBHC visa a reestruturar os sistemas de saúde públicos e privados. Como mencionamos, ele foi proposto em Harvard. Isso ocorreu no ano de 2007, sob a liderança dos professores Michael Porter e Elizabeth Teisberg.
Seu foco é promover um modelo de assistência baseado em resultados, em prol de uma melhor experiência dos pacientes. Com base nos dados citados na introdução, o objetivo é garantir que os investimentos em saúde sejam realmente convertidos em melhorias para as pessoas.
Para tornar isso possível, a cadeia assistencial foi redesenhada para abranger novos formatos de pagamentos entre as partes envolvidas. Trata-se da migração do atual sistema por volume, Fee-for-service, para o pagamento por valor, Value-reimbursement.
A definição de “valor”, segundo a aplicação do Value Based Healthcare, está na relação entre os resultados percebidos pelos pacientes e os recursos usados para gerar tais benefícios à sua saúde e bem-estar.
Basicamente, trata-se de recompensar os profissionais de acordo com as melhorias que proporcionam às pessoas. Mais que valorizar a experiência e a qualidade de quem é atendido, isso é importantíssimo para as instituições prestadoras e fontes pagadoras.
Afinal, enquanto o modo tradicional orienta a remuneração à quantidade de serviços prestados, o VBHC é guiado pela entrega de resultados positivos. Isso reduz procedimentos desnecessários e processos ineficientes, otimizando custos.
Value Based Healthcare no Brasil
Em alinhamento à tendência mundial de implementação do Value Based Healthcare, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) lançou em 2019 o Guia para Implementação de Modelos de Remuneração Baseados em Valor.
No documento, a ANS aponta que o modelo atual de saúde nacional, Fee-for-service, é responsável por grande parte dos gargalos de desenvolvimento e pelos problemas que existem no Sistema de Saúde Suplementar, porque os pagamentos orientados pelo volume de serviços impedem a definição de soluções efetivas para minimizar desperdícios e aprimorar a qualidade assistencial. Entre suas principais falhas, destacam-se:
- Atualmente, a remuneração não é proporcional aos diferentes pontos de assistência;
- Os profissionais que apresentam melhor performance não têm pagamento diferenciado;
- Não há remuneração para atividades básicas de cuidado. Elas incluem ações de prevenção, promoção de saúde, comunicação entre profissionais e pacientes, etc.
Dados publicados pela DRG Brasil apontam que 30% a 40% dos recursos despendidos na saúde suplementar e no SUS são desperdiçados. Isso ocorre por falhas na geração de valor em saúde ao paciente.
O mesmo problema é observado nas operadoras de saúde. Segundo o Saúde Business, 20% dos gastos totais em saúde são ligados a desperdícios. Isso vai do uso excessivo dos planos a fraudes, falta de coordenação, entre outros gargalos.
Diante dessa realidade, a proposta da ANS é minimizar gastos, otimizar o uso de recursos e melhorar significativamente a qualidade de vida da população. Tudo por meio da implementação do Value Based Healthcare nos serviços de saúde.
Ao seguir as orientações da agência, espera-se que hospitais, clínicas, consultórios, entre outras unidades, gerem mais valor por meio de novos modelos de processos, orientados ao pagamento dos profissionais baseado no valor que geram aos pacientes.
Benefícios do Value Based Healthcare
Como você pôde ver, o Value Based Healthcare propõe um sistema de saúde mais sustentável. Isso significa entregar mais valor e controlar desperdícios, por meio do equilíbrio entre remuneração e performance.
Justamente por conta dessas características, o VBHC está sendo difundido no Brasil por empresas e órgãos públicos. Espera-se que, na medida em que sua implementação seja ampliada, também aumente a valorização da qualidade e da viabilidade dos serviços.
O Value Based Healthcare não proporciona vantagens só para médicos e instituições de atendimento. Ele também favorece muito as operadoras e beneficiários. Confira abaixo quais são os principais ganhos:
Para o paciente
No Value Based Healthcare, a remuneração da assistência é orientada às melhorias reais percebidas pelos pacientes. Com isso, há mais humanização nos atendimentos e uma maior preocupação com as condições do indivíduo no longo prazo.
Assim, mais que tratar patologias, o VBHC também se preocupa com sua prevenção e minimização de agravamentos. Na atenção às doenças crônicas, por exemplo, o foco será na melhoria da qualidade de vida, não apenas no volume das medidas paliativas.
Com um foco maior nas necessidades reais e no bem-estar dos indivíduos, também são minimizados retornos, procedimentos, exames em excesso. Dessa forma, os pacientes têm menos transtornos. Consequentemente, gastam menos com serviços caros e demorados.
Para a operadora de saúde e hospital
A qualificação e o comprometimento dos profissionais é mais valorizada no Value Based Healthcare. Afinal, há toda uma infraestrutura de auditoria para que a performance dos serviços assistenciais seja premiada de forma equivalente à sua qualidade.
Com maior comprometimento dos envolvidos e foco nas demandas reais dos pacientes, há mais equilíbrio entre os gastos dos pacientes e dos hospitais. O mesmo vale para os médicos e na gestão das operadoras.
Graças ao reconhecimento das unidades que oferecem excelência por custos menores, há menos erros, menores gastos de tempo e melhores resultados na jornada do paciente. Isso também exige menos acionamentos dos planos de saúde, reduzindo sua sinistralidade.
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